A Aliança da Graça e a Evangelização

 
Quando o homem vivia no jardim do Éden, Deus advertiu-o sob pena de morte a que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Estava implícito que, se ele permanecesse obediente, viveria eternamente… 

O facto é que o homem caiu e, como consequência, ficou tão corrompido ue daí por diante a perfeita obediência a Deus tornou-se para ele uma impossibilidade. 

Deus, porém, prometeu ao homem decaído um Salvador que iria pagar a pena em que o homem tinha incorrido pela sua desobediência, e iria prestar a Deus, a favor do homem, aquela obediência perfeita que era desde o princípio, e continuou a ser, condição de vida eterna. Tudo o que Deus exigiu do pecador, a fim de poder participar da salvação, foi a fé no Salvador, isto é, a fé viva que se expressa em obras de amor. A isto se chama ALIANÇA DA GRAÇA, a qual foi revelada logo após a queda do homem, como lemos em Gén. 3:15, e firmada formalmente por Deus com Abraão em Gén. 17:7.
Esta Aliança foi sendo progressivamente manifestada ao homem. Embora revelada em estágios, a Aliança da Graça é uma só e continua através dos tempos, englobando os crentes de todas as eras (Gál. 3:7,29). 

Ao estudar a conexão existente entre a Aliança da Graça e a evangelização, talvez seja útil relacionar a Aliança com o decreto da eleição.

A eleição deu-se na eternidade. A Aliança, embora concebida na eternidade, foi estabelecida no tempo e é administrada através da história. 

Na eleição o homem foi totalmente passivo. Na Aliança o homem torna-se ativo: exerce fé ativa em Cristo e, impulsionado pela fé, leva uma vida de obediência reconhecida.

A eleição determina quem deve ser salvo. A Aliança da Graça indica como ser salvo: os eleitos hão de salvar-se pela fé em Cristo, o qual satisfez a justiça penal Divina morrendo no lugar deles na cruz e levando sobre Si a maldição que pesava sobre eles, ganhando igualmente para os eleitos, pela Sua perfeita obediência à lei Divina, os méritos da justiça eterna. Assim, a obediência passiva e ativa de Cristo é a base da salvação dos eleitos, e é pela fé que estes se apropriam de Cristo e de todos os benefícios da salvação por Ele realizada. 

A eleição foi inteiramente incondicional. Não foi condicionada à fé e à obediência do homem. Deus não escolheu os pecadores para a vida eterna sob a condição de estes crerem e obedecerem. Nem escolheu certas pessoas para a salvação por prever que elas iriam crer e obedecer. Em contrapartida, a Aliança da Graça é simultaneamente condicional e incondicional. A salvação está condicionada à fé e à obediência, isto é, somente os que creem em Cristo como Salvador e O honram como Senhor serão salvos. Todavia, estas condições são preenchidas pela Graça soberana de Deus. Antes da fé e da obediência se tornarem atos do homem são dons de Deus (Efé. 2:8-10). 

Deus fez a escolha dos Seus desde a eternidade. Na eternidade decretou que fossem salvos. Igualmente na eternidade decretou o método completo, bem como todos os meios através dos quais eles iriam alcançar a salvação. Ora a realização concreta da salvação dos eleitos por aquele método e através daqueles meios dá-se no tempo. É a esta execução no tempo do decreto da eleição que se chama ALIANÇA DA GRAÇA. 

A fim de que os eleitos pudessem salvar-se, o Filho de Deus tinha de incarnar. Como Mediador entre Deus e o homem tinha de sofrer a ira Divina contra o pecado do homem e de prestar a Deus aquela perfeita obediência em que o primeiro Adão falhara. Tudo isto Ele fez, obtendo assim o merecimento da vida eterna para os eleitos. Todavia, para que estes pudessem ser salvos ou alcançados pela sua salvação era preciso falar-lhes da obra salvadora realizada por Cristo. Era preciso anunciar-lhes o Evangelho e, tendo ouvido o Evangelho, è necessário que eles confiem em Cristo como Salvador e O sirvam como Senhor. Isto acontece quando o Espírito Santo aplica eficazmente o Evangelho ao coração do homem. Só então serão salvos. A salvação dos pecadores é, assim, realizada por meio da ALIANÇA DA GRAÇA.

É, pois, evidente que a prégação do Evangelho é um importante elo da corrente de factos que constituem a concretização da eleição. É mesmo um elo indispensável (Rom. 10:14).
 
 
R.B.Kuiper
In “FÉ Em ACÇÃO”
Julho 198

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