Nos círculos evangélicos medianamente
esclarecidos acusam os defensores das doutrinas da graça e da soberania divina,
na predestinação e na eleição de não se preocuparem com a evangelização porque,
segundo a visão errada que eles têm destas verdades bíblicas Deus já tem os
Seus eleitos a quem fatalmente irá salvar. Não há necessidade alguma de
evangelizar as pessoas, nem mesmo de orar para que alguém se converta.
Na verdade, mesmo representando um atentado contra a orgulhosa
lógica humana a Bíblia é pródiga em afirmar a soberania absoluta de Deus na
salvação, que alcança graciosamente quem quer e endurece a quem lhe apraz (Rom. 8:29-30; 9:18-21; Efé. 1:5,6).
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A questão permanece. Então a defesa dessas doutrinas
não anula o entusiasmo pelo trabalho da evangelização? A resposta é um enfático
não! Com efeito, tanto a Bíblia como a história do cristianismo tem constituído
um dos maiores incentivos à evangelização.
O Senhor Jesus foi muito claro quando afirmou que “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco
(isto é não são de Israel);também me convém
agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (João 10:16). E mais adiante dirigindo-se ao
mesmo grupo de ouvintes pronunciou o seguinte: “Mas
vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito”.
(João 10:26). O Senhor ensinou, assim, que ele tem um povo espalhado pelo mundo
e que as pessoas que compõem esse povo serão alcançadas pelo convite à
salvação. E quem fará isto?
As últimas palavras de Jesus para os seus discípulos antes de subir
para o Pai foram estas: “Mas recebereis a
virtude (ou poder) do Espírito Santo,
que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em
toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”. (At. 1:8).
O próprio Paulo, o grande porta-voz da soberania divina na
predestinação e eleição é um exemplo de uma vida totalmente entregue à
evangelização pelo mundo conhecido de então.
Como Paulo se deveria sentir motivado ao ouvir as Palavras do
próprio Senhor Jesus, quando na sua estadia em Corinto (na sua 2ª viagem
missionária) a comunidade judica local procurou dificultar a sua missão: “…não temas, mas fala e não te cales; porque eu sou
contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo
nesta cidade”. (At. 18:9,10).
Crendo pois que Deus conhece os Seus eleitos, sabe onde eles se
encontram e os atrai a Si de forma eficaz em tempo devido, aqueles que
testemunham nunca se sentirão frustrados ou propensos a desistir mesmo que não
vejam tantas conversões como desejariam.
Na verdade, sabendo isto, o missionário trabalhará ainda mais
confiante, ciente de que as ovelhas de Jesus, os “filhos de Deus que estão
espalhados”, cedo ou tarde, seguirão o Bom Pastor; também não se sentirá
fracassado ou frustrado no ministério quando não crerem na sua pregação. Antes,
perceberá que os que a rejeitaram fizeram-no por não serem ovelhas do Senhor e
prosseguirá em testemunhar, certo de que as ovelhas com certeza ouvirão e o
alvo do Pai de reunir os Seus filhos num só povo será finalmente alcançado.
Poderia haver estímulo maior para o trabalho evangelístico?
AVO
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