O exemplo de Débora

Olhemos um pouco para Débora e o seu exemplo para as mulheres de hoje.
imagem da internet

Débora foi uma juíza e profetisa de Israel, que liderou o povo na guerra contra o rei de Canaã. Ela convocou o povo para a batalha e profetizou a sua vitória sobre um exército muito grande.

No tempo de Débora não havia rei sobre Israel. O povo era liderado por juízes, pessoas usadas por Deus que se tornavam líderes políticos, espirituais e militares. Quando Deus levantou Débora, os israelitas tinham-se desviado de Deus e estavam a ser oprimidos por Jabin, rei de Canaã (Juízes 4:1-2).

Débora era profetisa e uma mulher sábia. Ela sentava-se debaixo de uma palmeira e o povo vinha até ela para resolver as suas questões (Juízes 4:4-5).

A Batalha de Débora
Um dia Débora chamou um guerreiro chamado Barac e disse-lhe que Deus lhe iria dar vitória sobre o exército de Jabin. Barac insistiu para que Débora fosse com ele para a batalha e ela aceitou, mas avisou-o de que seria uma mulher que mataria o chefe do exército inimigo. Juntaram dez mil homens de Israel e foram para a batalha (Juízes 4:6-7).
O exército de Jabin era mais poderoso e tinha muitos carros de guerra, o que era uma grande vantagem. Mas Débora abençoou Barac e Deus derrotou aquele grande exército. Os israelitas mataram todos os soldados inimigos (Juízes 4:14-15).
O comandante do exército de Jabin, chamado Sísera, fugiu da batalha e pediu abrigo a uma mulher chamada Jael. Mas enquanto ele dormia na sua tenda, Jael com o auxílio de um martelo, cravou-lhe uma estaca na fronte.
Quando Barac chegou, Jael mostrou-lhe o seu inimigo que jazia morto. (Juízes 4:21-22)
O rei Jabin nunca mais recuperou dessa derrota e acabou por ser destruído. Depois da grande vitória, Débora e Barac cantaram, agradecendo a Deus e lembrando os momentos mais importantes da batalha. Depois houve paz durante quarenta anos.

O que a vida de Débora nos ensina?
Ensina que Deus vê mais do que as aparências. No tempo de Débora, não era normal uma mulher ser líder. Mas Deus não rejeitou Débora por ser mulher. Ele tornou-a no líder político e espiritual do país inteiro. Não importa quem somos. Deus pode usar-nos para grandes coisas (1 Coríntios 1:27-29).
Normalmente, quem tinha o poder militar era quem mandava. Mas Barac obedeceu a Débora, porque reconhecia que ela era mensageira de Deus. Ela tinha autoridade dada por Deus. 

“Desperta, Débora, desperta, entoa um cântico;” (Juízes 5:12)
Esta é a chamada para nós, mulheres. Uma chamada que ecoa nos nossos corações. Uma chamada de despertamento para as mulheres, e as mães do século XXI. Tão real e necessária quanto nos dias da proeminente juíza de Israel, Débora.
Vivemos dias maus, turbulentos, assustadores. A família tem sido constantemente alvejada, e aos nossos olhos surgem lares que se desfazem, mães que abandonam as suas casas, pais que nunca viram os seus filhos, filhos que não suportam olhar para os pais. Famílias que experimentam o amargo sabor do abandono e da traição. 
São de facto, dias maus. A pós-modernidade debate o conceito primaz da família. Para se ter uma família dizem, não é necessário um homem e uma mulher, basta ter “amor”. E em busca de uma falsa liberdade, e uma vã ilusão, a família tem enfrentado um forte combate.
São tempos de guerra, não de paz. Tempos de luta, não de descanso. Dias de batalha. Vivemos cercados por diversos perigos: drogas, imoralidade sexual, violência, corrupção, mortes, entretenimentos que fecham nossos olhos. E diante deste cenário muitas famílias têm sucumbido.
Por este motivo, o clamor por um despertamento de mulheres, que se preparem para tal batalha está vivo nos nossos corações. Ainda hoje podemos ouvir o grito de desespero dos filhos de Israel, da Igreja de Cristo: Mulheres, despertai-vos! Levantai-vos para a batalha!  
Este é o clamor de Deus para a nossa geração. Conseguimos ouvi-lo? Conseguimos percebê-lo dentro da nossa  igreja?


Contexto Histórico-Social (Juízes 4;5).
Débora representa este alto padrão, de uma mulher que não se curvou e não se prostrou diante de um tempo difícil. O contexto social do seu povo, não distava tanto do nosso. A Bíblia diz que, no tempo dos Juízes, não havia rei sobre Israel e as pessoas faziam o que bem entendiam.  (Juízes 17:6;21:25). Agiam a seu belo prazer, fazendo o que era mau diante do Senhor. Característica também, da nossa geração.

Semelhanças com nosso tempo:

Eram tempos de apostasia. (Juízes 5:8)
A Bíblia diz que aquele povo escolheu deuses novos para si. Desprezaram o Senhor, o único Deus. Rejeitaram os Seus preceitos. Hoje, no século XXI, nossa sociedade busca novos deuses, e jamais se satisfazem, pois são fontes sem vida (dinheiro, sexo, religião, falsos amores, falsas riquezas).

Eram tempos de guerra. (Juízes 5:8). “A guerra estava às portas”.
Neste contexto a guerra era literal, o exército inimigo (cananeus) estava preparado, e tinha “novecentos carros ferrados” (Juízes 4:1). Isto era o mesmo que dizer que o exército do inimigo era praticamente invencível. Israel tinha apenas uma infantaria, faltava-lhe cavalos, e carros de combate. Nos nossos dias a guerra é espiritual. (Efes. 6:11-12) “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais”. Este termo “ciladas”, é um termo grego que se refere a “estratégias articuladas”, métodos, planos”.  O inimigo não brinca, ele está em guerra.

Eram tempos de apatia, indiferença. (Juízes 5:8) “Não se via escudo nem lança entre quarenta mil em Israel”. 
Não obstante a guerra estar eminente, ninguém se posicionava. Ninguém se prontificava, ninguém se lançava  no combate. A Bíblia diz que os últimos dias serão dias difíceis, em que os homens serão “amantes de si mesmo” (II Tim 3:1) Estes são os nossos dias. As pessoas idolatram-se e não querem lutar uns pelos outros, não se prontificam, não se comprometem. Não se comprometem com a família, com o trabalho, e o mais grave, não se comprometem com Deus.

Eram tempos de pecado. (Juízes 4:1) “Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante os olhos do Senhor”. (Juízes 5:6) “desvios tortuosos”.
A nossa sociedade também não está diferente. Deus abomina o pecado (Rom. 3:23), a corrupção, a violência dos nossos dias, o adultério, o assassinato. Deus não suporta o pecado da nossa geração idólatra, mística e imoral. A sociedade não segue o caminho, que é Cristo, e tem andado por atalhos e desvios tortuosos.

Eram tempos de opressão. (Juízes 4:3) “.
Jabin tinha novecentos carros ferrados, e durante vinte anos oprimiu duramente os filhos de Israel”. Quantas famílias, quantos lares, quantas vidas ainda hoje vivem esta realidade de opressão? Lutas, dissabores, inimigos da alma.

Eram tempos de dormência espiritual. (Juízes 5:7).
A Bíblia diz que Israel ficou deserta. Infelizmente esta é a realidade de muitos. Dormem e fecham os olhos para a realidade. É um aspecto de negação do que estamos a viver.
Mas não podemos fechar os nossos olhos! Até mesmo dentro das igrejas, filhos e pais, esposos e esposas estão em litígio. Vivemos dias maus, quem se irá levantar?
Débora levantou-se: “Cessaram as aldeias em Israel, cessaram, até que eu, Débora, me levantei, levantei-me por mãe em Israel”. (Juízes 5:7)
O Senhor pergunta-nos também, até quando estaremos desatentas, até quando esperaremos o inimigo saquear os nossos lares, famílias e igrejas?! É tempo de despertar e levantar! 

Como podemos ter um coração como Débora? Que se levanta, e luta?
  1. Ter experiência com Deus  (Juízes 5:4-5)
    A profetisa Débora só pôde levantar-se com poder e autoridade em Israel, porque tinha uma vida com Deus. Ela era uma profetisa, sabia ouvir a voz de Deus, e tinha comunhão com Ele. Mais do que isso, conhecia muito bem quem Deus era.  No seu cântico, ela declara os feitos de Deus em Israel e testemunha da vitória do povo de Deus.
    Para ser como Débora temos de conhecer Deus em profundidade. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
  2. Ser um lugar de refúgio para o aflito.
    A Bíblia diz que Débora no meio daquela sociedade de caos era como um lugar de refúgio, para as pessoas ao seu redor. Sentava-se debaixo de uma palmeira e julgava a causa do povo. Ela julgava e aconselhava.
    Diante de nosso contexto, também podemos ser como Débora pois há muitos aflitos que procuram um lugar seguro. Não precisamos de ir muito longe. Dentro de nossas casas, muitas vezes, os nossos filhos buscam desesperadamente uma mãe para conversar, mas em muitos momentos encontram, somente uma juíza. Falta o conselho e a sabedoria.
    A mulher sábia, virtuosa de Prov. 31, “fala com entendimento”. Débora não tinha um trono, nem mesmo um palácio. Ela tinha uma palmeira. E uma palmeira era o suficiente.
    Uma verdadeira mulher de Deus faz da sua casa um lugar de refúgio. Débora era refúgio de protecção espiritual para os seus filhos em Israel.
    Sejamos guardadoras espirituais. Não precisamos esperar ter uma mansão, nem mesmo ter um lugar “importante” na igreja. Débora tinha uma palmeira. Era o seu lugar de conselho e refúgio para tantos.
  3. Não se conformar com o caos da vida.Porque existem poucas mães que lutam?
    Porque existem poucas que oram?
    Poucas que se dispõem?
    Poucas que perseveram?
    Porque muitas se conformaram com a destruição, com a derrota, com a perda, com o caos da vida.
    Pensam que não vale a pena, que os esforços de nada servem. Já oraram tanto, já pediram tanto, já jejuaram, já buscaram, mas desistiram.
    Débora não aceitou aquela situação, ela fez alguma coisa. Debaixo da palmeira orou, buscou a Deus e agiu. E Deus mostrou-lhe que a vitória viria através de Barac. Que fez ela?  MANDOU CHAMAR BARAC. Não foi ele que a procurou. Movida pela oração e direcção de Deus, mandou chamá-lo. Ela acreditava.
    Se quisermos ser mulheres com um coração de Débora, sejamos mulheres de Deus e trabalhemos no Seu serviço. Seja no lar junto da nossa família, seja no nosso trabalho, seja na nossa congregação.
    Provérbios diz que o preguiçoso vê o leão rugindo lá fora na rua e diz: “Vou morrer”
    Não!!! Não aceitemos as coisas como estão! Saiamos da mediocridade, da vida que todos levam! Sejamos diferentes!
  4. Buscar as estratégias de Deus (Juízes 4:6-9)
    Jamais entremos numa guerra sem as armas certas. Sem a estratégia certa. Jesus disse isso aos seus discípulos ao falar sobre a vida cristã. Ninguém começa uma construção sem primeiro se assentar e calcular os gastos, para saber quanto gastará, para depois não ficar envergonhado, como um homem tolo. Ele disse o mesmo a respeito da guerra.
    Débora recebeu de Deus as estratégias de guerra. Com quantos homens Barac venceria, e como venceria.
    Não nos iludamos com os nossos recursos. Não lutemos com as nossas estratégias. Deus capacita-nos para esta guerra, busquemos a Sua força.
       Salmos 20:7
Adaptado por Sílvia Mourão
Publicado no jornal Jubilai
Ano XXI, Número 82
3 junho 2018

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